Wednesday, July 17, 2002

Estranho pensar no caráter exponencial dos fatos que determinam nossas existências. Quando eu vinha hoje caminhando para casa, pensava em como seria interessante manter um blog denominado Laurelin, a mais jovem das árvores de Valinor, que deu origem ao Sol. E fiz vários planos a respeito. Chegando aqui, descubro que alguém já utiliza o laurelin.blogspot.com. E, por incrível que pareça, Gondolin estava "vazia". Desta forma, meus planos anteriores foram por água abaixo mas já vejo um bom potencial no nome deste outro (por isso mencionei o caráter exponencial... uma simples mudança em uma variável (nome do blog) leva a várias mudanças em outras (conteúdo)). Inclusive, tudo começou quando eu decidi saber o que era o "hidden gate to save us from the shadow fall", na música Mirror Mirror do Blind Guardian. Acabei lendo "O Senhor dos Anéis" e "O Silmarillion", onde finalmente descobri o que era. E cá estou novamente, no início.

Nada mais justo do que citar os dois trechos de Tolkien referentes à criação de Gondolin.

"Já Turgon tinha lembranças da cidade instalada no alto de uma colina, Tirion, a bela, com sua torre e sua árvore; e não encontrava o que buscava. Mas voltou para Nevrast e se acomodou em Vinyamar, à beira-mar. E, no ano seguinte, o próprio Ulmo lhe apareceu e recomendou que voltasse a entrar sozinho no Vale do Sirion. Turgon partiu e, sob a orientação de Ulmo, descobriu o vale oculto de Tumladen, nas Montanhas Circundantes, no centro do qual havia uma colina de pedra. Dessa descoberta, ele não falou a ninguém por um tempo, mas retornou ainda uma vez a Nevrast, e ali começou em segredo a elaborar o projeto de uma cidade no estilo de Tirion sobre Túna, pela qual seu coração ansiava no exílio"
Extraído de Tolkien, J. R. R. - "O Silmarillion", Capítulo XIII (Da volta dos noldor)

"Já se relatou como, com a orientação de Ulmo, Turgon de Nevrast descobriu o vale oculto de Tumladen; e este (como mais tarde se soube) ficava a leste do curso superior do Sirion, num círculo de montanhas altas e escarpadas, aonde não chegava nenhum ser vivo à exceção das águias de Thorondor. Existia, porém, um caminho nas profundezas, por baixo das montanhas, escavado nas trevas do mundo, por águas que fluíam para se juntar à correnteza do Sirion. E esse caminho Turgon descobriu, e chegou assim à verde planície em meio às montanhas, e viu a colina-ilha de pedra dura e lisa que ficava ali; pois, o vale havia sido outrora um lago enorme. Turgon soube, então, que havia encontrado o local de seus desejos, e decidiu construir ali uma bela cidade, um monumento em memória de Tirion sobre Túna. Voltou porém para Nevrast e lá permaneceu sossegado, embora sempre pensando num modo de realizar seu projeto.
Ora, depois da Dagor Aglareb, a inquietação que Ulmo instilara em seu coração lhe voltou, e Turgon convocou muitos dos mais resistentes e habilidosos de seu povo, levou-os em segredo para o vale oculto, e ali começaram a construção da cidade que Turgon havia imaginado. Montaram também guarda em toda a sua volta, para que ninguém que viesse de fora pudesse deparar com seu trabalho, e o poder de Ulmo que corria nas águas do Sirion os protegia. Turgon, porém, ainda residia na maior parte do tempo em Nevrast, até que afinal a cidade ficou pronta, após cinqüenta e dois anos de faina em segredo. Diz-se que Turgon a denominou Ondolindë, na fala dos elfos de Valinor, a Rocha da Música da Água, pois havia nascentes na colina; mas no idioma sindarin o nome foi mudado, tornado-se Gondolin, a Rocha Oculta. Preparou-se então Turgon para partir de Nevrast e abandonar seus palácios em Vinyamar à beira-mar. E ali Ulmo mais uma vez veio até ele e lhe falou.
- Agora irás finalmente para Gondolin, Turgon; e manterei meu poder sobre o Vale do Sirion, e sobre todas as águas que existem ali, para que ninguém se dê conta de tua viagem. Ninguém tampouco encontrará a entrada secreta contra a tua vontade. De todos os reinos dos eldalië, Gondolin será o que resistirá por mais tempo a Melkor. Não tenhas, porém, amor em excesso pela obra de tuas mãos e invenções de teu coração. Lembra-te que a verdadeira esperança dos noldor está no oeste e vem do Mar.
E Ulmo avisou a Turgon que ele também estava sujeito à Condenação de Mandos, a qual Ulmo não tinha nenhum poder para eliminar.
- Assim, pode acontecer que a maldição dos noldor também te descubra antes do fim, e que a traição surja dentro de tuas muralhas. Então, elas correrão perigo de incêndio. No entanto, se esse perigo chegar muito perto, da própria Nevrast virá alguém te avisar; e dele, superando a destruição e o fogo, nascerá a esperança para elfos e homens."
Extraído de Tolkien, J. R. R. - "O Silmarillion", Capítulo XV (Dos noldor em Beleriand)

No comments: