Wednesday, February 25, 2004

American Gods

Terminei hoje. Devo ter investido umas 12 horas lendo. O enredo é excelente, seguindo um tema em que o Gaiman fica bem à vontade: O personagem principal, Shadow, começa a trabalhar para o Sr. Wednesday, e a partir daí entra em contato com todo tipo de deuses: desde os "clássicos" nórdicos e egípcios até os "modernos" deuses da mídia, da Internet e dos cartões de crédito. A cada uma dessas experiências, Shadow amadurece (e se torna cada vez mais cínico), ao mesmo tempo que a "tempestade" se aproxima. Entre alguns capítulos aparecem algumas histórias independentes (tão independentes quanto histórias do Gaiman podem ser...) contando a história de como alguns desses deuses chegaram à América.

Outra característica do livro (e essa é marca registrada do Gaiman) são os "pré-requisitos". Há várias referências a mitologias e curiosidades históricas, que são mais interessantes pra quem as conhece. Felizmente meu "Os Vikings - Mitos e Lendas" (um livro meio infantil sobre mitologia nórdica que eu li uns 7 anos atrás) e minhas tardes de Wikipedia me ajudaram nesse ponto.

Agora alguns zelotes enfurecidos vão me queimar: O ponto fraco do livro é que, apesar do autor ter um estilo único em seus quadrinhos, e mesmo em sua história curta Dream Hunters, neste romance o [não] estilo da escrita é bem claro: frases curtas, alguns palavrões, algumas mudanças de ponto de vista ("o velho tinha certeza: sorvete faz computadores funcionarem melhor"), algumas cenas bem "gráficas" de sexo. Quem conhece Stephen King ou Clive Barker sabe exatamente do que estou falando. Em certos pontos nos primeiros capítulos isso ficou tão claro que eu comecei a ter Deja Vus de trechos dos "Livros de Sangue". Mais pro final do livro, quando já estava "ambientado" com a história, essa sensação diminuiu.

Como "trecho obrigatório" dessa resenha, eu deixo o discurso da Samantha Black Crow sobre o que ela acredita:
"I can believe things that are true and I can believe things that aren't true and I can believe things where nobody knows if they're true or not. I can believe in Santa Claus and the Easter Bunny and Marilyn Monroe and the Beatles and Elvis and Mister Ed. Listen - I believe that people are perfectible, that knowledge is infinite, that the world is run by secret banking cartels and is visited by aliens on a regular basis, nice ones that look like wrinkledy lemurs and bad ones who mutilate cattle and want our water and our women. I believe that the future sucks and I believe that the future rocks and I believe that one day White Buffalo Woman is going to come back and kick everyone's ass. I believe that all men are just overgrown boys with deep problems communicating and that the decline in good sex in America is coincident with the decline in drive-in movie theaters from state to state. I believe that all politicians are unprincipled crooks and I still believe that they are better than the alternative. I believe that California is going to sink into the sea when the big one comes, while Florida is going to dissolve into madness and alligators and toxic waste. I believe that antibacterial soap is destroying our resistance to dirt and and disease so that one day we'll all be wiped out by the common cold like the Martians in War of the Worlds. I believe that the greatest poets of the last century were Edith Sitwell and Don Marquis, that jade is dried dragon sperm, and that thousands of years ago in a former life I was a one-armed Siberian shaman. I believe that mankind's destiny lies in the stars. I believe that candy really did taste better when I was a kid, that it's aerodynamically impossible for a bumblebee to fly, that light is a wave and a particle, that there's a cat in a box somewhere who's alive and dead at the same time (although if they don't ever open the box to feed it it'll eventually just be two different kinds of dead), and that there are stars in the universe billions of years older than the universe itself. I believe in a personal god who cares about me and worries and oversees everything I do. I believe in an impersonal god who set the universe in motion and went off to hang with her girlfriends and doesn't even know that I'm alive. I believe in an empty and godless universe of casual chaos, background noise, and sheer blind luck. I believe that anyone who says that sex is overrated just hasn't done in properly. I believe that anyone who claims to know what's going on will lie about the little things too. I believe in absolute honesty and sensible social lies. I believe in a women's right to choose, a baby's right to live, that while all human life is sacred there's nothing wrong with the death penalty if you can trust the legal system implicitly, and that no one but a moron would ever trust the legal system. I believe that life is a game, that life is a cruel joke, and that life is what happens when you're alive and that you might as well lie back and enjoy it."

Agora com trackback

Para quem não conhece, trackbacks são um sistema que permite aos blogueiros dizerem "oi, escrevi algo sobre este assunto". Esta mensagem chama-se ping e resulta em um link nos trackbacks de quem a recebeu. Desta forma, leitores de um determinado blog podem encontrar mais facilmente assuntos relacionados a um post. Recentemente o HaloScan implementou o sistema de trackbacks, tornando possível que grande parte dos blogs na rede (inclusive este) possam utilizá-lo.

Monday, February 23, 2004

Shaman

E não é que o Ritual é bom? Eu baixei faz muito tempo, ouvi e não gostei muito. Gravei ontem e não sei como pude não gostar da primeira vez.

"Little lady, your tale has an end
For your love to the skies was sent
He's turned into sparks
That shine with the stars...

...And by night he will always be there
For his lady to stare
And thus he's never died."

-- Shaman, Fairy Tale

Wednesday, February 11, 2004

Cinema

Andei assistindo um monte de filmes e esqueci de postar. Segue um resumo.

O Último Samurai (The Last Samurai)
Bom, ambientação e fotografia legais. Nada de novo, apenas mais um épico legal.

Mestre dos Mares (Master and Commander: The Far Side of the World)
Outro épico, mas este não é muito bom. Apesar do belo duo de violino e cello, a trilha sonora não é suficiente. E a produção não é espetacular, são só uns caras em um navio. O Russel Crowe até que está bom, mas o roteiro não ajuda. Destaque para Paul Bettanny na sua interpretação do médico darwin-wannabe.

O Sorriso de Monalisa (Mona Lisa Smile)
Mais um filme feliz da Julia Roberts. Acho que melhorou um pouco em relação aos anteriores, mas não muito.

O Monge à Prova de Balas (Bulletproof Monk)
Ação gratuita de baixa qualidade, classe B. Totalmente decepcionante.

Encontros e Desencontros (Lost in Translation)
Excelente este, um dos melhores que já assisti. É um filme sobre estar e não estar sozinho na multidão. A história se passa em Tóquio, um mundo ao mesmo tempo próximo e distante do nosso ocidente. Sofia Coppola certamente merece o Oscar de melhor direção.

Saturday, February 07, 2004

As Quatro Estações

Na madrugada passada, eu, Renato e André escrevemos em conjunto (um verso por autor) quatro haikais. A estrutura segue o modelo tradicional: 17 sílabas, distribuídas na forma 5-7-5, contando inclusive com o kigô (termo-de-estação-do-ano). O conteúdo, entretanto, ficou meio alternativo.

Suar como um porco
no verão, sob chuva ou sol,
só me traz desgosto

Caminhar ao vento,
folhas caindo no chão
sujeira de outono

Tempo de ventura
moças de rosto rosado
gelam no inverno

Hoje chove à tarde
amanhã não choverá
primavera tosca

Thursday, February 05, 2004

Away

"(...)
Cherish the moment
Tower the skies
Don't let the dreamer
fade to grey like grass

No falling for life
A gain for every loss
Time gathered me
But kept me flying"

-- Nightwish

Tuesday, February 03, 2004

O que há de novo

Terminei, na semana passada, Os Irmãos Karamazov, do Dostoievski. Apesar de não ter confirmado a expectativa de ser a obra-prima do autor (continuo preferindo Crime e Castigo), é genial. Filosofia, intronspecção, personagens profundos e caricaturados, tudo o que há de bom no Dostoievski. Mas isto você já sabia, está aí há mais de 100 anos, todos já comentaram.

O que há de novo é o livro do Chico Buarque, Budapeste. Não é à toa que recebeu tão boas recomendações: "Não creio enganar-me dizendo que algo novo aconteceu no Brasil com este livro." (Saramago); "O livro do Chico é uma vertigem" (Luis Fernando Verissimo). Comecei a ler ontem e, passando do segundo capítulo hoje, não consegui parar de ler. A história é muito bem construída, atiçando a curiosidade do leitor. O estilo é direto, fluido e original. O livro, narrado em primeira pessoa, conta a história de um escritor anônimo, que vende escritos seus para outros publicarem em seus nomes. A imensa criatividade do compositor mostra-se evidente, e o resultado é uma das melhores histórias que já li.

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Muito bom este anúncio. Se você não entendeu, acredite, não precisava.