Achei um link para este projeto no blog do Ricardo. A idéia do cara é gerar poemas aleatórios e apresentá-los para as pessoas votarem. Os mais votados têm mais chance de se "recombinarem" entre si e se "perpetuarem".
Resolvi comentar porque trabalho com um assunto semelhante na minha iniciação científica, Algoritmos Genéticos. Algoritmos Genéticos são uma heurística bastante utilizada em problemas de otimização combinatória. (Algoritmos são, simplificadamente, séries de instruções para a realização de uma tarefa (no contexto em que normalmente são utilizados, representam programas de computador); heurística é um algoritmo para resolver um problema de forma não necessariamente exata, mas geralmente boa, satisfatória). A idéia básica é codificar soluções factíveis de um problema (aquelas que não violam nenhuma restrição e têm todas as características impostas pelo problema) em genes, atribuir adaptabilidades a elas (normalmente estas funções são definidas pelo próprio problema), e recombinar estes genes, dando maior probabilidade de participar nos cruzamentos aos melhor adaptados. Também são utilizadas mutações para diversificar a população (conjunto de soluções).
Nota-se claramente que a idéia do cara dos poemas é semelhante. Mas, mesmo que os algoritmos genéticos tenham um histórico muito bom em problemas bastante complexos, creio que neste caso ele está fadado a fracassar.
Para começar, os poemas gerados aleatoriamente não poderiam ser considerados "factíveis" (a menos que você seja um dos malditos concretistas ou algo que o valha). Eles não obedecem nenhuma regra gramatical, são repletos de estruturas totalmente absurdas ("the the wall"), menos ainda tentam algum padrão (rima ou métrica) para os versos.
Mesmo que, por sorte, alguns dos 10.000 poemas gerados inicialmente fossem aceitáveis, o processo de recombinação é falho. Um poema dificilmente vai ser avaliado a partir de suas partes. Normalmente, o que vale é o conjunto. E justamente este conjunto é destruído na recombinação. O método dele é sortear (entre 1 e 5) o número de pontos de quebra (em qualquer lugar do texto), quebrar dois textos e recombiná-los. Talvez ele selecione as palavras mais agradáveis ao longo do processo, mas dificilmente os melhores poemas.
O processo de avaliação também é ruim. São apresentados dois poemas ao usuário, para que este escolha o melhor. Pelo que entendi, o melhor ganha um ponto. Ora, muitas vezes os dois poemas apresentados são péssimos, e nem sequer existe uma maneira de não pontuar nenhum. Tudo bem que a avaliação de poesias é subjetiva, mas é preciso dar alguma objetividade ao processo para ter um algoritmo decente.
Para melhorar a coisa, creio que deveriam ser gerados versos sintaticamente aceitáveis, e poesias combinando os versos segundo alguma estrutura (podendo incluir "livre" entre elas). Poderia haver dois processos de recombinação: trocando palavras entre versos e trocando versos entre poemas, sempre tentando manter a factibilidade sintática e estrutural. Acho também que valeria a pena pontuar versos além dos poemas, e numa escala fixa (e não comparando-os dois a dois). Mas isto tudo é muito complexo, não sei se daria certo mesmo assim.
Vejam um exemplo de poema gerado pelo sistema dele:
"he bisecting splendid lists
blood of stone frontier loose boronic to storms
shot fierce drunk you is"
Ruim, não?
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