Dostoiévski me lembra, de certa forma, Machado de Assis. O que os dois têm em comum? São geniais.
Terminei de ler "O Idiota". O livro trata das desventuras de um indivíduo plenamente puro e ingênuo, o príncipe Míchkin. Tal personagem sofre de epilepsia, e a história se dá a partir de seu retorno para a Rússia, vindo de um tratamento no exterior. No país natal, tenta conviver com "a sociedade", constituída de personagens caricatos e tão ou mais loucos do que ele próprio.
A obra é absolutamente genial na caracterização dos personagens; o autor descreve de forma excepcional os traços psicológicos destes. Além disto, o livro é repleto de questões filosóficas, políticas e teológicas apresentadas por estes personagens. Abaixo um trecho.
"Entretanto, a despeito de toda a minha vontade, nunca pude imaginar que não existe vida futura nem providência. Ou melhor, que tudo isso existe mas que nada entendemos da vida futura e das suas leis. Mas se é tão difícil e totalmente impossível compreender isso, então será que eu vou resonder pelo fato de que não tive condição de compreender o inconcebível? Eles dizem, é verdade e, é claro, com eles o príncipe, que aí se precisa de obediência, que é necessário obedecer sem julgar, apenas por boa educação, e que por minha submissão eu serei recompensado sem falta no outro mundo. Nós humilhamos demasiadamente a providência, atribuindo-lhe os nossos conceitos, movidos pelo despeito de não podermos compreendê-la. Porém, se ademias é impossível compreendê-la, então, repito, também é difícil responder por aquilo que não é dado ao homem compreender. Sendo assim, de que jeito irão me julgar pelo fato de que eu não pude compreender a verdadeira vontade e as leis da providência? Não, o melhor é deixarmos para lá a religião."
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