Sunday, September 08, 2002

And then there was silence...



No dia 11 de Setembro de 2001, dois aviões chocaram-se contra as torres gêmeas do World Trade Center. No dia, considerei um ataque contra os Estados Unidos. Hoje considero um ataque contra a humanidade. Pois após o fato, percebi o quanto é estúpido dividir as pessoas pelo local onde nascem. Odiar os "americanos" porque nasceram do lado da linha imaginária que é governado por pessoas que acreditam que a melhor maneira de ajudar "seu" povo é explorar o outro lado da linha. E considerar que um ataque do lado de lá desta linha não tem nada a ver comigo.



Depois, foi verificado que o ataque não se dirigiu às torres monumentais, que eram apenas concreto e aço, nem às pessoas, mas a um ideal. Foi um ataque à liberdade, à mesma liberdade que garantia aos muçulmanos residentes nos Estados Unidos o direito de exercer sua religião. Pois foi deixado claro, que além do cunho político, havia no massacre um cunho ideológico, contra a defesa das liberdades individuais. E isto eu considero não só como um ataque à humanidade, mas um ataque pessoal contra mim.



E um ano depois, com medo de novos ataques, muitas pessoas do lado errado da linha mais uma vez terão medo. Outras sairão às ruas, orgulhosas, com a bandeira da sua "pátria", ratificando a divisão da humanidade entre "americanos" e "não-americanos", como se algum dos lados fosse melhor, ou feito de algo diferente do outro. E seu governo, legitimado por este "patriotismo", continuará tomando atitudes que alimentarão o ódio contra si mesmo, seu "país" e "seu" povo.



Eu não vou sair com uma bandeira americana, brasileira, ou de nenhum outro "Estado". Nem com uma bandeira branca, pois estamos em guerra, em guerra contra nós mesmos (como todas as guerras). Se uma bandeira deve ser erguida pela humanidade, é uma bandeira amarela. Para indicar que nosso grande "navio" está infectado com a Peste, que desta vez é causada não por outra espécie, mas por nós mesmos. E a doença chama-se estupidez.






Citação do dia :


No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were: any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee.



Nenhum homem é uma ilha, inteira por si só; todo homem é um pedaço do continente, uma parte do todo. Se um pedaço de terra é levado pelo mar, a Europa é diminuída, assim como um promontório, assim como o solar de seu amigo ou o seu mesmo: A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte da humanidade. Assim, nunca pergunte por quem o sino toca; ele toca por você.



(A pontuação foi modificada na tradução, senão o texto ficaria muito confuso)

John Donne - For Whom the Bell Tolls


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