Antes do texto, uma explicação. Há muito tempo (3 ou 4 anos), escrevi um poema épico-lírico num tom meio infantil, chamado "{alguma coisa} Parte 1 - O Cavaleiro e a Deusa" (ou seria "O Cavaleiro e a Deusa - Parte 1"?). O que importa é: Após digitar, joguei a cópia em papel fora. Não queria que conhecidos lessem. Enviei o poema para uma lista de discussão (Arca-Trails). Com o tempo, formatei o HD algumas vezes, acabando com a cópia local do poema. Um dia a lista foi "reiniciada" com outro nome, e o histórico de mensagens do YahooGroups apagado. Fim das cópias do poema. O poema foi pro limbo dos poemas. Lembro vagamente da história e de uma ou duas frases.
Mas informação não pode ser apagada impunemente. No mínimo custa uma energia proporcional a k.T.ln2 (constante de Boltzmann vezes temperatura absoluta vezes logaritmo natural de 2) por bit de informação. É sério, tá numa lecture note de computação quântica do Preskill. Um tal de Landauer mostrou isso em 1961.
Devido a algumas conversas recentes, me lembrei deste poema este fim de semana. Resolvi terminar o iniciado, mas mudando de estilo. Inspirado por um blog bastante melancólico que li [Diga-se de passagem, o visual da página é muito adequado, achei as figuras o máximo...], resolvi dar um final mais "dark" ao poema. Novamente a auto-crítica falou mais alto, e não consegui aceitar os versos que escrevia. Como precisava escrever, fiz uma narração.
Infelizmente o estilo é meio "ausência de estilo". Parágrafos curtos, palavras soltas... Tão pouco estilo que chega a ser quase modernista (Sarcasm is your friend). Mas narrações não são o meu forte, e estou satisfeito com o resultado.
Finalmente, o título do texto é o nome de uma magia do RPG Ars Magica. O texto é bastante metafórico, então achei adequado. O outro título (também roubado e em língua estrangeira) vem do nome de uma música da trilha sonora de End of Evangelion.
Espero que o Blogger aceite esse post imenso.
Recollection of Memories Never Quite Lived (Komm Süsser Tod)
Sangue tinge minha espada. O inimigo foi massacrado. Com a proteção Dela, nossa ordem é invencível. Congratulo meus companheiros de batalha, e me dirijo à minha tenda. Preciso agradecer à verdadeira responsável pela vitória, amante secreta e protetora.
Silêncio. Imploro por sua presença. Silêncio. Imagino que ela esteja irritada. Não imagino por que. Ainda silêncio.
Típico. Não de uma divindade, mas de uma mulher. Após este comentário irônico, ela finalmente decide me responder. Porém, ao invés da ironia doce habitual, uma voz séria.
Por que a reprovação, me pergunto. Não fiz meu dever? Restaurei a ordem, venci. Qual o meu erro?
Ciúmes. Típico. Ciúmes de minha ordem, da batalha em si. Lutei em seu nome, mas minha motivação era outra. A batalha, pura e simples. Ela sabe, e, mais mulher que nunca, é incapaz de suportar o fato de não ser minha senhora absoluta.
Silêncio novamente. Abandonado. Sei que é permanente. Saio da tenda e vejo uma confraternização. Me junto a meus companheiros. Vinho para alegrar o espírito. Vinho para esquecer. Vinho para fugir.
Agora todos dormem. Nestas horas costumava conversar com ela. Pego minha espada e resolvo seguir meu caminho. Sozinho.
O sangue ainda em minha espada, já seco. Me sinto mais confortável assim. A mancha escura me lembra da batalha, do prazer da batalha. Mas também me lembra dela. Resolvo limpar a mancha. O brilho da espada reflete um sorriso.
Não, não é ela. É a Morte que sorri pra mim. E finalmente a entendo. E ela me entende. Entende meu amor pela batalha. Sinto falta do sangue em minha espada.
.....
Sangue novamente. Fresco e vermelho. Minha nova senhora sorri pra mim. Vejo um vilarejo à distância, e, deixando para trás os cadáveres de meus companheiros, parto rumo a um novo massacre.
Nasce a Besta.
No comments:
Post a Comment