Já de volta ao Brasil. Seguem comentários mais detalhados sobre a cidade.
Alimentação: Muito diferente da nossa. Por falar nisso, a comida chinesa não tem nada a ver com o que se serve nos restaurantes "chineses" do Brasil. Os únicos pratos que vi por lá que também se serve aqui é aquele arroz frito (yakimeshi) e uma carne de porco cortada em tirinhas, frita, com molho marrom. De resto, comidas das mais variadas e esquisitas. Eles gostam muito de um molho agridoce e de coisas apimentadas. É difícil comer uma comida sem algum desses temperos. Se você pedir vários pratos, incluindo arroz, eles servem o arroz no final. Sem molho, sem nada. Num dos restaurantes, pegamos um molho como shoyu e gengibre que acompanhava o frango e começamos a pôr no arroz. Veio uma garçonete correndo, arrancou o molho das nossas mãos, pôs tudo no frango e levou a bacia embora. Em outro, pedimos (apontando no menu, como quase sempre)um prato que incluía macarrão, bife de porco e ovo. Veio uma sopa de macarrão com o bife e o ovo boiando. Muitas outras comidas eu não sei descrever (e nem sei o que eram). Tem uma série de pratos com frutos do mar e cogumelos. Pra escapar, McDonalds (tem pra todo lado lá). O menu é um pouco diferente (inclui alguns pratos locais), mas tem o básico. Pra beber, refrigerantes, cerveja, água, tudo normal; um vinho de arroz horroroso; e chá (normalmente vem grátis, antes da refeição). Em um restaurante também nos deram um copo de água quente pra beber.
Comunicação: Chinês é muito diferente de todos os idiomas ocidentais que já vi. Só aprendi uma coisa: "Ni Hao", que é uma saudação. De resto, "engrish". É impressionante como eles têm dificuldades com o inglês. Mesmo placas oficiais costumam ter um inglês tosco e errado. É raríssimo encontrar um texto escrito corretamente ou um chinês que fale bem o inglês. No entanto, com alguns gestos e bastante paciência, dá pra se virar.
Compras: Algumas lojas têm preços marcados e não há muita margem para negociação. Na maior parte dos casos, barganhar é quase uma obrigação. Em alguns lugares, a cara de pau é tanta que se anunciam promoções surreais do tipo "de 1000 por 150". Se você demonstrar interesse, os vendedores tentam vender a qualquer custo. Te puxam pelo braço, dizendo "look look, no problem" ou "cheaper for you". Se você reclama do preço, eles puxam a calculadora e dizem "you say how much!". Nesse momento, dependendo do item, você pode propor até um quinto do preço proposto. Eletrônicos não têm uma margem tão grande (nunca desce da metade do preço inicial, em geral desce uns 30%). O vendedor em geral vai reclamar (e se ele fizer algum gemido, do tipo "piii" ou "uuuuu", é porque você desceu o suficiente), mas muitas vezes, se ameaçar sair da loja, ele aceita.
Baladas: O som e o ambiente são bem parecidos com os daqui. Tem um pop rock chinês que é triste, mas também nada muito diferente de algumas porcarias populares no Brasil. O comportamento das pessoas é diferente. É muito fácil contato físico (em geral, basta chegar junto), mas é muito difícil beijar. Parece que na cultura deles um beijo é algo mais importante, mas não consegui perguntar pra ter certeza. Tem muitas mulheres aproveitadoras, que já chegam pedindo pra você pagar uma bebida pra elas.
Aparência: Quase não existem chineses gordos. As chinesas têm a pele muito bonita, mas não têm corpo. As roupas não mudam muito das nossas, exceto por uma quantidade maior de ternos e pelos "rasgos" (como é o nome disso?) nas saias que vão quase até a cintura.
Arquitetura: No centro (e particularmente em Pudong, região em que se instalaram as empresas estrangeiras), os prédios dominam. Construções gigantescas e muito modernas. Shanghai é a cidade mais vertical que eu conheço (muito mais que São Paulo). Aquelas casas mais "orientais" só existem em parques e locais específicos de visitação. No subúrbio, pessoas se amontoam em pequenos prédios de dois andares, separados por ruas minúsculas.
Ambiente: As ruas são limpas e um pouco arborizadas. De forma geral, a cidade tem um feeling muito urbano: concreto e asfalto pra todo lado. Uma nuvem de fumaça cobre a região central a maior parte do tempo (céu azul é raro). O sol se põe na fumaça bem antes de encontar o horizonte.
Segurança: Não vi nenhum assalto e (aparentemente) não corri nenhum risco. Parece que os índices de criminalidade na cidade são mínimos.
Transporte: Como eu tinha mencionado, o trânsito é caótico. Os sinais são meros enfeites, quem chegar primeiro passa. Os carros e bicicletas buzinam quase sempre, inclusive pra carros parados no sinal vermelho. Não entendi até agora como eles não batem. O metrô cobre uma área grande da cidade (e, neste momento, estão sendo construídas 100 novas estações) e funciona bem. No horário de pico fica insuportavelmente cheio (vimos inclusive um guarda empurrando as pessoas pra dentro do trem). Não vi caminhões, creio que a maior parte da carga pesada é transportada via fluvial, através do rio principal (Huangpu) e de vários canais menores. A cidade conta com dois aeroportos e um maglev (que serve um trecho curto, conectando o aeroporto mais afastado ao centro - 30km em 7 minutos).
Avaliação geral: A impressão que tive é totalmente diferente do que eu esperava da China. Achei que veria mais pobreza e mais repressão do estado. Gostei de visitar a cidade, mas não moraria nela. Depois de algum tempo, o cenário pessoas-prédios-pessoas acaba saturando.
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